Crédito habitação à taxa fixa: vale a pena?

O crédito habitação à taxa fixa não era muito comum em Portugal. Mas, com a subida da Euribor, há cada vez mais oportunidades para fazer um crédito habitação à taxa fixa ou mesmo à taxa mista. Entenda melhor como é que funciona e se vale a pena fazer um crédito habitação à taxa fixa!

Como funciona a taxa fixa?

A maioria (90%) dos créditos habitação em Portugal têm uma taxa variável. O valor dos juros corresponde à soma da taxa contratada com o banco (o spread) com o indexante variável (a famosa Euribor). No entanto, também pode fazer um crédito habitação à taxa fixa ou um crédito habitação à taxa mista.

No caso de fazer um crédito habitação à taxa fixa, a prestação não muda ao longo do prazo. Quando a Euribor sobe, como está a acontecer agora, continua a pagar o mesmo. Mas, quando desce, também não muda. Então, porque é que a maioria das pessoas escolhe a taxa variável?

Em períodos normais, a taxa fixa é superior à taxa variável. Os bancos cobram sempre um premium pela estabilidade – mesmo quando indexa o seu crédito à Euribor, a mais baixa é sempre a Euribor a 3 meses (mais volátil) e a mais alta é a Euribor a 12 meses (a mais estável).

Portanto, no fundo, quando faz um crédito à taxa variável (indexada à Euribor), está a “apostar” que a média dos juros ao longo do empréstimo vai ser mais baixa do que a taxa fixa.

Vale a pena fazer um crédito habitação à taxa fixa?

No entanto, não podemos pensar apenas no valor total que vai pagar ao banco no fim do empréstimo. Também é preciso ter em consideração o efeito da flutuação da Euribor no seu dia a dia. Em Abril de 2023, Portugal era o país da UE em que as prestações da casa mais tinham os juros mais altos (3.48% em média), devido à alta percentagem de créditos com taxa variável (90%).

Por isso, muitas famílias superaram a taxa de esforço recomendável para o crédito habitação (35% dos rendimentos mensais). O Banco de Portugal prevê que, com a subida a Euribor, no fim de 2023 haja 70 mil famílias com uma taxa de esforço superior a 50% . O número duplicou desde 2021 e já corresponde a 5% dos agregados familiares.

Se vai fazer um empréstimo à taxa variável, tem de estar preparado para os períodos em que a Euribor sobe. Portanto, recomendamos que:

Por outro lado, se não tem capacidade de resposta à subida da Euribor, faça simulações com a taxa fixa. Mesmo que pague mais no final, não arrisca a superar a sua taxa de esforço durante toda a duração do empréstimo. Aliás, até pode planear melhor a sua vida financeira. Se conseguir poupar, por exemplo, aproveite para investir esse dinheiro.

Atualmente há créditos habitação à taxa fixa com uma taxa de 3.5% (a Euribor deve manter-se entre os 3-4% até 2025). Se a mensalidade estiver dentro da sua taxa de esforço, é uma boa oportunidade. De resto, com a inflação e a subida dos ordenados, dentro de alguns anos a prestação do crédito habitação será ainda mais suportável.

O crédito habitação à taxa fixa é mais comum lá fora

Portugal é o país da União Europeia como mais créditos habitação indexados à Euribor. Mas há mais países em que a maioria dos empréstimos também usam a taxa variável: Espanha, Grécia, Itália e Áustria e Eslovénia. No grupo dos países em que a taxa fixa é dominante encontramos a Bélgica, a França, a Alemanha e a Holanda.

Um estudo feito pelo Banco Central Europeu entre 2007 e 2015 correlacionou diversos fatores (a volatilidade da inflação, a literacia financeira e o desenvolvimento do mercado financeiro, entre outros) com a percentagem de créditos habitação à taxa fixa e à taxa variável.

É curioso constatar que, quanto maior a literacia financeira da população, menor a probabilidade de optar por créditos habitação à taxa fixa. Uma possível justificação é que os clientes com maior literacia financeira entendem melhor as implicações de produtos complexos, tais como os empréstimos à taxa variável.

Também a título de curiosidade, Portugal era o país com menor literacia financeira de todos os países mencionados acima. (Apenas 26% dos inquiridos acertaram 3 perguntas em 4, contra 66% na Alemanha e na Holanda.) Além disso, a instabilidade da nossa economia também pode contribuir para adoção da taxa variável.

Nos países que dão preferência à taxa fixa, o mais comum são empréstimos com um prazo de 30 anos. Fora da União Europeia, nos Estados Unidos o mais comum são empréstimos com uma taxa fixa entre 15 a 30 anos. O Banco de Portugal está a tentar que os novos contratos de crédito habitação também tenham uma maturidade de 30 anos.

Se quer fazer uma simulação do seu crédito habitação à taxa fixa, fale connosco. Vamos contactar as principais instituições de crédito em Portugal para encontrar a taxa mais competitiva e perceber se é a melhor solução a longo prazo para a sua família.

Se estiver interessado em obter mais informações sobre como obter um crédito, peça ser contactado pela nossa equipa. Liguem-me de volta
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